Enquadramento
A polinização é um serviço dos ecossistemas vital para a natureza, a agricultura e o bem-estar humano. A polinização animal é um serviço dependente da biodiversidade e suporta as populações de mais de 90% das plantas silvestres, assim como o fornecimento de alimento. Os polinizadores silvestres, em especial os insetos polinizadores, fornecem benefícios consistentes à escala global e afetam diretamente a produção de 75% das principais culturas agrícolas. No entanto, este importante grupo de organismos está atualmente sujeito a várias pressões globais que representam uma forte ameaça à conservação da biodiversidade, assim como à produção agrícola sustentável. As principais pressões são bem conhecidas e incluem alterações dos usos do solo, intensificação agrícola com utilização crescente de agroquímicos, invasões biológicas e alterações climáticas. As alterações no uso do solo causam fragmentação, perda e simplificação de habitat e conduzem a uma redução contínua de reservatórios naturais de biodiversidade funcional e, de forma concertada com outros fatores, ameaçam a persistência das populações de polinizadores e plantas silvestres, bem como o funcionamento e sustentabilidade dos ecossistemas.
O papel essencial dos polinizadores foi reconhecido pelas entidades governamentais, quando a Convenção para a Diversidade Biológica (CBD) estabeleceu a Iniciativa Internacional de Polinizadores (IPI), apoiada e coordenada pela FAO, com o objetivo de proteger os polinizadores selvagens e domesticados, e promover o uso sustentável dos serviços de polinização. O plano de ação para 2018-2030 está alinhado com o Plano Estratégico para a Biodiversidade, a Visão para a Biodiversidade 2050 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), e destaca a necessidade de promover investigação, avaliação e monitorização dos polinizadores, aumentar a consciencialização e transferência de conhecimentos, melhorar ferramentas de avaliação para apoio à tomada de decisão e implementar práticas amigas dos polinizadores.
Portugal não estabeleceu uma iniciativa governamental nacional especificamente direcionada para os polinizadores e a polinização, mas a sua importância está patente na Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030, em particular no Eixo 2.1 “Promover o mapeamento e avaliação da condição dos ecossistemas e melhorar a sua capacidade de fornecer, a longo prazo, serviços mais relevantes para o bem-estar”. Este eixo reconhece como ação crucial o estabelecimento de uma rede colaborativa, de nível nacional, para a avaliação, conservação e valorização dos polinizadores. Esta rede colaborativa será um primeiro passo para o desenvolvimento de uma iniciativa concertada à escala nacional, para avaliar o estado da arte e tendências dos polinizadores, identificar os fatores direta e/ou indiretamente ligados ao seu declínio, identificar lacunas e definir as áreas de atuação prioritárias no nosso país.
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Rede Colaborativa para a Avaliação, Conservação e Valorização dos Polinizadores e da Polinização
Missão
Face ao declínio global de polinizadores é crucial desenvolver uma estratégia, ao nível nacional, que permita salvaguardar este património natural e funcional de elevada relevância para o bem-estar social.
A Rede Colaborativa tem como missão promover a conservação dos polinizadores, a sustentabilidade dos serviços de polinização e a resiliência dos ecossistemas através da criação de uma rede a nível nacional que reúna todas as partes interessadas ligadas, direta ou indiretamente, aos polinizadores e à polinização e que promova um trabalho colaborativo envolvendo todas as partes interessadas para uma melhor transferência de conhecimento, formação, educação ambiental e consciencialização.
A ação conjunta promoverá a partilha de experiências e permitirá dar os primeiros passos para avaliar o estado e tendências dos polinizadores no nosso território, através de atividades de investigação em articulação com as partes interessadas, por forma a desenvolver estratégias de conservação, a melhorar as ferramentas de apoio à tomada de decisão, a implementar práticas amigas dos polinizadores e a aumentar a consciencialização para a sua importância e do serviço de polinização que prestam, num esforço de todos para todos.
Objetivos
Os objetivos principais da Rede Colaborativa são reunir a comunidade científica, partes interessadas e sociedade civil ligada, direta e indiretamente, aos polinizadores e à polinização, de forma a promover a partilha de informação e transferência de conhecimento entre todas as partes interessadas e promover a formação de investigadores e cidadãos.
A Rede Colaborativa tem ainda como objetivo o desenvolvimento de um plano de ação a nível nacional para a avaliação, conservação e valorização dos polinizadores, bem como promover a implementação das ações nele propostas, envolvendo todas as partes interessadas num processo de trabalho colaborativo e de comprometimento por parte de tod@s os intervenientes.